segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ainda sobre o Quinto Império

Se para os intérpretes da Bíblia, do sonho de Daniel, o Quinto Império é o derradeiro império material, Pessoa contrapõe que ele deve ser iminentemente espiritual: o Império da Cultura. Porquê Portugal? 1) por ter uma língua apta e criadora de génios na escrita; 2) por existir aqui uma fraternidade sem paralelo na Europa, inter-racial e inter-cultural; 3) a vocação interior para a descoberta; 4) longa tradição secreta, que nos torna hábeis com os símbolos superiores; 5) um ecumenismo religioso capaz de gerar o paganismo superior; 6) um grande mito nacional: D. Sebastião. O rei perdido em terras de África é a pedra de toque da missão antiga, a jóia do ceptro que fecha o ciclo de sofrimento da nação. Procura Pessoa no seu sebastianismo como um todo, o renascimento do espírito antigo da nação que se expande sempre para além do que seria natural fazer, porque limitada apenas pelo seu desejo de conquistar o impossível. Sebastião, como Cristo, nada mais é que um homem em que se pode fortalecer a crença de uma inteira raça de homens. Sebastião, como Cristo, é o Intermediário sagrado, o Logos, aquele que serve de ponte entre o passado e o futuro, entre o ininteligível e o conhecido. É grande o simbolismo que Pessoa emprega em todas as suas análises, porque sempre ocultas, quando versam sobre o Sebastianismo. Veja-se que ele usa a Bíblia, Nostradamus e Bandarra, o sapateiro Bandarra, por quem pessoa clama a mudança do eixo psíquico nacional de Fátima para Trancoso, do Cristo Judeu para o Cristo nacional: Sebastião.
Infografia
http://omj.no.sapo.pt/Forum/fernando_pessoa_sebastianismo.htm

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