domingo, 8 de novembro de 2009

Alberto Caeiro - Síntese

Alberto Caeiro vê as coisas apenas com os olhos e não com a mente. Quando olha para uma flor, não permite que isso provoque quaisquer pensamentos. A única coisa que uma pedra lhe diz é que nada tem para lhe dizer. Esta maneira de olhar para uma pedra pode ser definida como a maneira totalmente não-poética de a olhar. O facto estupendo acerca de Caeiro é que produz poesia a partir deste sentimento, ou, antes ausência de sentimento.
A poesia de Caeiro é sensacionista. A sua base é a substituição do pensamento pela sensação, não só como base da inspiração mas também como meio da expressão.
Caeiro é o sensacionista puro e absoluto que se prostra ante as sensações e nada mais admite. Caeiro não tem ética, a não ser a simplicidade. Caeiro é pagão. Aliás, diz Álvaro de Campos, era o paganismo.
Na poesia de Caeiro verifica-se que:
vive de impressões, fundamentalmente visuais;
• identifica-se com a natureza e vive de acordo com as suas leis;
• é instintivo e espontâneo;
• prefere a objectividade;
• abre-se para o mundo exterior;
• recusa a introspecção e a subjectividade;
• repudia a expressão sentimental;
• vive no presente;
• diz que "pensar é estar doente dos olhos";
• usa uma linguagem simples, familiar e denotativa;
• cultiva o verso livre;
• os recursos estilísticos que usa são a comparação, a metáfora e a personificação;
• a sua poesia é bucólica;
• recusa a metafísica e afirma não ter filosofia.

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