domingo, 8 de novembro de 2009

Alberto Caeiro

Caeiro quer ajudar o espírito doente dos homens (adoecido por séculos de cristianismo) a amar a realidade visível, por isso a “saber ver sem estar a pensar”, sem tentar encontrar um sentido às coisas” que as remeta para um lado de dentro que a natureza não tem – esse Além que o cristianismo ensinou a venerar. Caeiro ensina a “ver, apenas a ver” o que a claridade do sol e a curva do horizonte permitem. Por isso a noite é má conselheira: sem o apoio no concreto, os olhos começam a delirar, a ver o que não está ali, a pensar no que as coisas significam. Mas as coisas não têm significado, têm existência”. Caeiro ensina a criar a raiz, e no Perto, a enjeitar o ilimitado, o infinito, o mistério: por isso nunca fala do mar que foi banido do seu universo.
Teresa Rita Lopes, Pessoa por Conhecer, Ed. Estampa

Sem comentários:

Enviar um comentário